sábado, 8 de outubro de 2011

Lição Terceira - Concluir a Obra

Não te escondas.
Porque te escondes de mim?
Não me escondo de ti, Pai,
Só estou atento às tuas palavras.
Então se estás atento
Sabes o que te proponho
Criança-filho?
Sei. Sim. Mas tenho medo,
Não pode ficar para o depois?
Não sei que é isso.
Conheço a proposta do agora,
E é tudo que existe.
Queres tomar Medicina?
Ainda não, Pai.

Escutando os ensinamentos
Percebo que não percebo,
Que o que sei, só sei
Se deixar entrar o Amor.
O Doutor tem de operar,
Mais fundo, pelo Eco.
Confia, criança-homem.

Pai, posso tomar Medicina?
Até sermos Sol, nada te nego
Filho-do-homem.
Porque te escondes de mim,
Não confias no Pai?
Tenho medo de ver o Pai,
De te ver meu pai,
Porque não te conheço.
Que de mim conheces?
Procura por mim no teu coração
Encontra-me nas tuas células,
Quem sou eu?
Fecha o círculo.

Na ilusão por elas criada
Não és mais que um não-Ser,
Odiento, odiável, cobarde,
Que rejeita, abandona, traumatiza.
Penso em te odiar,
Penso no que me fizeste passar,
Penso que tenho de te purgar.
Então vomita-me,
Porque senão serás como eu.
Não consigo! Porque não consigo?
Queres visões de purga?
Dá-me tudo o que tens!
Toma a semente da Podridão!
Toma entranhas revolvidas!
Toma festim de vermes vomitados
E a náusea do bafo da Cadela que os come!
Vá, vomita-me!

Não consigo. Porque te encontrei.
Soluçada memória de criança,
De pleno sorriso, de olho brilhante,
Trilhando, experimentando.
E tu, meu Pai, que olhas para mim com amor,
Lembra-te de mim, nas doces memórias,
Como eu te lembro.
E completarás o ciclo, como eu,
Quando for pai, como tu.

De filho para irmão para criança,
Criança-homem para criança-filho,
Filho-do-homem para criança-pai
Para homem-pai, para pai-do-homem.

Novo ser, razão do Ser,
Novo prazer. Intenção.
Vivo jardim interno
Flor de branco algodão,
Que brilha, em harmonia,
Ao Sol, ao Sol de dentro,
Ao Deus Profundo, no coração.

Não pares, nunca pares,
Porque um dia tudo isto será teu,
E serás Farol, impecável.
O meu trabalho aqui acabou,
Mas viverei sempre
Nas palavras do Pai.

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