sábado, 30 de julho de 2011

Farol das Almas - Portador da Mensagem

Estou inteiro. Sou Inteiro.
Preparado para sentir,
Guerreiro pacífico, renascido
Do Som, da Dança, da Postura.
Não é meu o sonho que sonho
Apenas sou Farol das Almas,
Portador da Mensagem,
Sou Brilho do Sol, sou Brilho da Lua,
E dou-vos brilho, pequenas estrelas,
Porque todos me acompanham.

E quando Ela fala
Vocês escutam atentamente,
E quando Ela convoca
Se apresentam prontamente.
E quando Ela chora
Todos a abraçam,
E quando ela canta
Todos nós purgamos.

É esse o Seu amor,
É esse o meu amor,
É esse o vosso amor.
Tão grande o Amor
Dos que se desafiam.
É esse o nosso Destino,
Barca naufragada
Sem Medo de naufragar,
Nunca mais.
Minha voz, a vossa voz,
Meu canto, o vosso canto.

Nosso é e sempre será
O prazer de ondular,
A certeza que ao beber,
Quando Ela nos matar,
Acordamos para o viver.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Caminho de Volta - Solidão e o outro lado

 Catarse. Primeira, quinta ou décima toma, perfeito e oportuno é o momento da integração. Exacta a hora em que as exactas palavras são proferidas exactamente para nós. Por vezes duras, palavras de Verdade, palavras de Amor. Invocado poder pessoal, interior, superior. Centrada e acutilante, a voz que rompe o véu do som nos mantém, inteiros, ancorados. Uma voz de amor que não é minha, mas que vibra na minha, que se esgueira pelas brechas nas minhas barreiras e encontra o caminho mais rápido para o meu coração.

Devemos viver na terra
Com toda a satisfação
E se queremos ter a vida
Agradecemos a nossa mãe

 Quando o choro invocamos, devemos sempre levar um presente: o perdão. Quando a solidão nós visitamos, devemos sempre levar um presente: o silêncio. Só no nosso próprio silêncio mais profundo é que escutamos. E aquela voz, que de fora nos assolava, irrompe das profundezas do nosso ser, doce, melodiosa. E, quando vibra no mesmo amor que a voz do Pai que encarnou, nasce a harmonia da Cura.

 Nova mensagem, nova verdade, novo propósito, que só surge porque merecemos. Do outro lado do espelho, do outro lado do som, estão as palavras de poder, está o inteiro, impecável.

 Seremos como Ele, um dia?

quarta-feira, 13 de julho de 2011

In mortal - Integração

Acorda!
São horas.
Já acabou?
São horas de ouvir o Pai,
Vai falar só para ti, por seres especial.
Porque me achas especial?

Acorda!
São horas.
Já começou?
Senta-te junto a mim,
Só nós os dois.
Tenho uma surpresa para ti,
Só para ti, por seres especial.
Porque me achas especial?

Acorda!
São horas.
Já bebi?
Chegou o momento,
O momento de me integrares.
Quem és tu?
Eu, sou Tu,
Não te lembras de mim?
Sou aquele que fala contigo
Quando estás sozinho.
Sou aquele que cuida de ti
Quando te sentes abandonado.
Sou aquele que canta para ti
Quando não consegues dormir.
Sou aquele que te dá a mão
Quando caminhas no escuro.
Chegou o momento,
O momento de me integrares,
Só por seres especial.

Aceito-te e abraço-te
Meu Amor, meu Eu.
Deita fora tudo isso,
Todas essas falsas memórias,
Memórias de estar sozinho, sem amor,
(Vomito)
Pois sempre contigo estive.
Quando te olhares no espelho,
Verás os meus olhos
Por trás dos teus,
E nunca estarás só.

Somos Um.
Somos Muitos
E Todos sorrimos.
Ouve o Pai.

sábado, 9 de julho de 2011

Caminho de Volta - Criança. O Poder do Nada

 Com a Verdade me Limpo. Com a Verdade me Curo. No seu abraço procuro conforto, procuro luz, mas lá nada encontro além de Verdade. Porque só o É, não tenta ser nada mais, mesmo que a tentemos mudar. Não é algo que nos procure, não é algo que nos encontre, é um fardo que não o é, e o carregamos em nós com culpa. Não tem de o ser.
 Tudo na Verdade é puro. Puro como uma criança. Puro como o Nada nas mãos de uma criança. E todos não somos mais que crianças, inocentes, caminhantes, curiosas. Os nossos erros não o são, são o resultado da experimentação, são partes de um Todo que está Certo. São partes tão importantes como as conquistas. São conquistas, tão simples como a aceitação do Nada, um abraço no limiar do Purgatório, cujas lágrimas vibram com a verdade. Neste momento, a verdade é uma palavra: Perdão.
 E a Verdade nos segue e nos precede.
 A Verdade nos cura e nos atormenta.
 Superior a nós, nos mostra algo superior a nós:

 Nós mesmos.

terça-feira, 5 de julho de 2011

In mortal - Inocência

Porque se mantém a Dor?
Eu vi. Porque se mantém a Dor?
Eu purguei. Porque se mantém a Dor?
Lembro-me de ter estado satisfeito
Mas desta vez permanece a agonia.
Sinto que há mais. É por haver mais?
Ajuda-me Mãe, livra-me do Mal.
Desmembra-me, rebenta comigo!
Já me mataste uma vez,
Mata-me de novo!

Eu? Eu nada fiz.
Eu sou só uma Consciência
De uma Consciência,
De outras Consciências.
Como podes esperar algo de mim?
Eu sou só Perdão.
E tu? És Perdão?
Sim, sou perdão.
Então perdoas-me?
O que me fizeste para eu ter de Te perdoar?
Causo-te Dor, não te causo Dor,
Mato-te, não te mato,
Não cumpro, não te odeio,
Nunca correspondo às tuas expectativas.
Eu sei que peço para me carregares, Mãe,
Para me salvares, para me curares.
Abuso de ti, Mãe.
Perdoa-me!

O que Me fizeste para Eu ter de te perdoar?
Tu és só uma criança,
Tudo em ti é descoberta,
Tudo em ti é inocente.
Eu sei que te queres limpar
E sei que pertencemos um ao outro.
E sei que tu és só uma criança,
Como pode uma criança ter culpa?
Tudo em ti é descoberta,
Tudo em ti é natural,
Tudo em ti sou Eu,
E sempre fui Eu
Mesmo que não te lembres.

Isso, chora
Chorar é bom.
Vês como as tuas lágrimas são cristalinas,
Sem vestígios de vermes?
Podes tirar a máscara, filho
(Não sei como)
Debaixo dela és Luz
(Não sei se sou)
E só tens Amor, em todas as formas
(Eu não sei amar)
Claro que tens Medo, és só uma criança
(Tenho tanto medo!)
És único e és especial,
Vieste do Céu, como eu.

Agora dorme,
Já chamo por ti.

domingo, 3 de julho de 2011

Caminho de Volta - Recusar a Consciência é abraçar a Luz?

 Debruçado sobre a pia da pia cura, o meu ser se isola na sua luta interna, querendo a purga, fugindo à purga, forçando a purga. Tentando encontrar a paz, sei que primeiro tenho de me limpar e de aceitar a verdade. Procuro manter uma consciência, uma falsa consciência, que não me permita perder, que não necessite de olhar o Vazio, olhar a profundeza da minha alma e das minhas memórias de Água. Mas cuidar do propósito é conversar com os pequenos tiranos, cuidar do propósito é aceitar o dissolver, o dissolver do confiante e confortável Eu, da lama que nos impede de chegar ao Amor. A recusa é o aval para o Seu trabalho, para a Sua bênção, mas simultâneamente é o grande entrava à sua Obra.
 E perder o combate com a Consciência é perder o medo da expansão, é abraçar a entrada no mundo da ilusão. E que ilusão esta, que nos conhece melhor que nós mesmos! Um labirinto negro, desesperante. Tão fundo como o nosso ser e tão obscuro quanto a nossa imaginação. O abrir e fechar das portas, das almas, o sair e não voltar, tudo nos leva a um êxtase ansioso de solidão.
 Do êxtase nasce a conversa, a conversão. Da conversão nasce a limpeza, o acordar de uma nova consciência. Aquela luz no fundo do túnel, serei Eu?

sábado, 2 de julho de 2011

In mortal - Consciência

Sei que me matarás.
Tenho de morrer e não quero!
Sei que vou morrer e não quero!
Partes-me as pernas e os braços,
Esventras-me, dilaceras-me.
Não quero!
Não quero mais!
Mentirosa!

Porque me enganaste
Com a tua doçura,
Com o teu colo?
Como te posso amar tanto,
Se me odeias a ponto de me matar?
Se me amas como dizes que amas,
Deixa-me ir embora.
Não.
Deixa-me ir embora!
Por favor...
Juro que nunca mais volto...
Como podes jurar-me isso,
Se nem sabes com quem falas?
Observa melhor.

O Vazio goteja
Numa grande bacia,
Numa familiar bacia.
Límpida água que depressa ferve,
Ebulição de água,
De ódio que consome.
Quem possui a máscara
De onde todas as lágrimas escorrem?

Verdes são as tuas lágrimas,
Como as minhas,
Verdes como a água
Que agora é lodo,
Espesso, pustulento.
Pequenos ovos eclodem
E de súbito eles surgem,
Negros vermes flutuando no visco.
Quem os chorou?
De que ódio são filhos?

Uma lancinante dor me assola,
Quando comigo falas.
Isto não é teu.
Se não é meu, de onde vêm as lágrimas?
São tuas?
São tuas, mãe?
Responde-me!

Algumas são minhas,
Algumas sempre aqui estiveram,
E em breve tudo isto será teu.
Agora come e cala-te!
Não percebo. Porquê?
Come e cala-te!
Não quero!
Come e cala-te!
Porque me pedes isto? Porquê, Mãe?

Não te estou a pedir.
Os meus desejos são ordens!
Eu sou tua mãe e tens de fazer o que eu te digo!
E ao comer do meu vómito
És igual a mim.
Eu sou a Cadela e tu tens que me obedecer!
Come e cala-te!
Não!

Olha para mim.
Obedeço.
E, ao tirar a sua máscara,
Os seus vermes escorrem,
Buraco negro de ódio,
Sem amor, sem humanidade,
Que se apressa a comer-se,
A sorver-se, a banquetear-se.
Porque sem o Visco
Não é mais que Nada.

Vomito