sábado, 31 de dezembro de 2011

Caminho de Cristal

Em ti me curo.
Em ti me encontro.
Mas quem sou agora?

Espasmo após espasmo
Canto por canto
Me encanto no canto que canto.
Sou eu que o canto?
Sou eu que o canto!

Pelo cantar me empurras para o sonho
E canto, e sonho,
Em Ser, no Ser,
O Ser que repousa e que chamamos.

Chega o Ser,
E ao Ser me desligo,
Deslizo e me deixo levar
Nas calmas águas que são cobras,
Que me envolvem e me amamentam.
São elas que me falam da escolha
Do que se seguirá.
Morre, que nascerás desapego
Morre, que nascerás cantador
Morre, reencontra-te morto
E viverás como árvore,
Viverás como Ser de cristal,
Terás essa vida nova,
Como em tempos te prometi.

E viaja,
Viaja em mim,
Viaja comigo.
Bem no centro estamos todos,
Mas é na orla que nos encontramos.
E enquanto meu canto cantares,
Teu canto cantarás,
E se sozinho cantares,
Estarás desapegado.
E ao tudo largares
Ganhas-te a ti
E a mim
E a todos.

Vomita a Escuridão
Ilumina-te com o cantar do Beija-flor
Teu Mestre e Padrinho te guiam
E segue teu caminho,
Com o apego aos que se deixaram.
Tudo é certo
E tudo vai dar a mim.

E, como parte de tudo,
Me rendo.
Cresci.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Caminho de Volta - Meu Mestre me cure

  Meu Mestre Guia, luz que incendeia o meu coração, liberta-me desta prisão, deste corpo que rodopia sem cessar, deste mundo onde nada é e onde tudo nada parece ser. Ecoam as vozes desassossegadas dos perdidos que estão perdidos, perdidas por entre as vozes dos perdidos que se vêem centrados. Todos são meros bonecos rodopiando por entre o labirinto, conscientes e inconscientes, todos somos iguais, vozes sem cara, caras sem nome. O Caminho, e a Cura, são os mesmos, e todos confiamos no Mestre que nos guia para fora deste mundo de ilusão.
  A mensagem é o presente do Presente, e no momento todo o mundo gira e ondula. Para lá da Ilusão há a Cura, e o foco de Luz que se reflecte em nós é o brilho da impecabilidade do Pai. Todos somos filhos, todos somos irmãos, todos estamos sozinhos em conjunto, e todos somos por ele protegidos. Outra forma não há, neste caminho. A nossa escolha, o caminho do Mestre, e com a força do mestre vamos aprender, aprender que na Cura está o cantar dos Anjos e do Beija-flor, que há todo um Ser que quer se soltar, que no Caos há profunda calma, profundo Amor.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Tudo gira, tudo ondula

Tão belo o desapego
Dos que se dão e se perdem.
A inconsciência do desconhecimento,
A libertação do Medo,
Porque o vivem na pele.

E gritam ao arrancar essa pele,
E choram ao se verem sós.
E vozem ao longe
Ecoam algo que não percebem
Mas sabem ser verdade.
As vozes sem cara
São caras sem nome
São nomes sem ser.

Tudo gira
Tudo ondula
Todos cantamos
À cura, à Santa Cura,
Que cura toda a doença
E toda a Dor.

Tudo gira
Tudo ondula
Todos escutamos
A mensagem de quem vem lá,
De quem quer entrar,
De quem É sem ser.

Tudo gira
Tudo ondula
E o mestre nos ensina
Nos abre o caminho
Para trilharmos o Presente.

E agora vemos,
O que somos e não somos,
O que há além de nós,
Para dentro, no fundo.
Para lá da ilusão há a Cura,
O cantar dos anjos e do beija-flor
Há o ser e o descobrir
Profunda calma, profundo amor.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Caminho de Volta - Tribo: Comando de Sanação

  Somos Tribo. Somos seres se perdendo no seu Ser, se encontrando no seu Ver, no momento que antecede o final, no desistir antes do momento da Morte. Morte em Vida, que nos embala, que nos canta, que nos faz cantar. Morte doce, que chega a todos, e em doçura o Pai parte, na sua viagem de cura.
  O Pai é a cola que nos mantém unidos e, com o Rei morto, um novo Rei se levanta, para tomar as rédeas da tribo perdida. Será este o novo Rei, a escolhida contraparte do coração da tribo? Será ele a trazer o novo Comando de Sanação? Cantamos a força com força e com amor, e no seu manto se albergam os perdidos irmãos. Sua voz ecoa, ecoa na sala, na cabeça, mas nossas células estão longe de reconhecer o seu canto como o que vem da Mãe.
  O Novo Rei é o Velho Rei, renascido da Cura, da Santa Purga, e é ele quem por nós puxa para de novo nos entregarmos. É ele que canta o que nós cantamos. É ele que nos guia pelos caminhos do Labirinto. É ele quem fala com a voz da Santa Mãe, é ele que invoca a tribo que somos todos.
  Como pássaros flamejantes, unidas estão as ancestrais almas das ancestrais tribos, e todos eles somos nós. Casa de fogo, casa de cristal, casa do Senhor do Tempo. Divina invocação da Mãe, abençoado amor do Pai. Cura Santa Cura.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Cantadores - Todos somos Tribo

Todos juntos
Tomamos de novo Medicina
Para curar o coração.
E todos somos Um só
Procurando Harmonia
Procurando Atenção.

Concentração sóbria,
Postura alegre, sincera,
Que nem a todos harmoniza.
O seu processo é Seu
E sua entrega é genuína.
E todos se espelham em todos
E tudo se sabe.
E o Pai tudo vê.

A mãe que é Mãe comanda
E o seu pedido é uma ordem,
Quando nos deita nos fala,
Quando nos senta nos canta.
Reconheço esse cantar
Já também cantei assim,
Quando em silêncio interior
Me ouço cantar a mim.

A tribo é de outros tempos
De outras casas, de outras vidas
E trabalha com a Mãe
E todas as almas reunidas.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Caminho de Volta - Abraço de Pai

  Bom Padrinho, Maestro, que conduzes a sinfonia, que trazes Ordem ao inquieto Caos, vem acudir nesta hora de desespero, nesta hora de mágoa. Todos juntos te chamamos, para acolher em teu abraço os irmãos e irmãs que assim o precisem.
  Todos juntos entramos e saímos de nós mesmos e uns dos outros. Todos somos todos e individualmente caminhamos no escuro. E é tão bom caminhar no escuro. De mãos dadas, somos tribo. Unidos somos Sol, um Sol de sóis, que navegam pelas águas do nosso oceano interior e se vêem, em agonia, em alívio, em alegria.
  Bom Pai, o teu abraço é um presente de Deus, como a divina presença da Mãe nas nossas vidas. Teu é o meu coração, o meu cantar, e tua é a minha cura, para que te cures em mim. Teu caminho é o meu caminho e, pouco a pouco, vamos andando, vamos chegando. Tão bom o estarmos juntos. Tão bom o nosso andar.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Filhos meus que abraço

Sem o vício da luz
Vejo que canto,
Sabendo que sei,
Que escuto a lição.

Linda lição, hoje,
Que me deixa acordado.
Do alto de mim me vejo
E no fundo das águas me encontro.
E não interessa quem sou,
Nem sei mais ao que vim,
Mas do alto de mim
Vejo o mar
E o reflexo de mim, nele espelhado.

Todo o meu Presente
É uma memória de Amor,
A minha felicidade está na Cura,
Na Cura que acordou a Cura,
A Paz que já havia em mim.
E a necessidade é do canto,
E o sorriso é mais real
Que o bater do tambor.

Entro e saio,
Na mais pura Consciência.
Vejo os meus irmãos
Buscando alívio,
Buscando o Sol.
Os filhos meus
Que abraço.

Tão bom estarmos juntos
E juntos caminharmos,
Devagarinho
Pouco a pouco chegaremos.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Caminho de Volta - Sopro de Vida: Fogo Interior

  Nos é dado de presente um fogo que arde, que abre, que prepara o caminho. Este fogo inalado é azul, e vermelho, e brilha com a intensidade do Sol que o sopra, que nos prepara para brilhar. Quaisquer barreiras existentes são consumidas neste fogo purificador, e das suas brechas surge um fogo, interior, ateado com a pureza do sopro do Mestre. Meu Mestre, teu Mestre, Eu Mestre se levanta, levanta e caminha por entre os seus próprios escombros, os meus próprios escombros.
  Na doce palavra de mel surge o bater das asas do cantador e o penetrante olhar da água em pele de serpente. No hoje, ser cuidado é cuidar, a Cura virá pela Cura de amor que damos.
  O nosso Sol irá brilhar no escuro e guiar os perdidos em harmonia. Labareda cuspindo no primeiro canto, toco chamando a força. Tudo passa e passa. Mantendo a postura, chegamos à Consciência.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Curandeiro Soprando

No antes me limpei,
De mim saíram os medos
E já poucos são os males
Para ser tratados no hoje.

A partilha da Cura
Se inicia com a partilha da limpeza,
O processo do Eu
Que começa no amor aos outros.
Curandeiro soprando,
Soprando bênçãos,
As boas-vindas na minha casa.

Tão bem que rodopia
A mente que se alumia,
Que cospe e se abre,
Que se concentra no centro.
O ponto no meio do Nada não existe
E o caminho por entre o escuro
Sempre nos chama e nada nos traz.

Conscientes tombamos,
E na queda se quebram
As cristalinas muralhas
Que, opacas, travam a Luz.
Prova a prova,
Essa luz assim se reconhece,
E no seu fogo interior se purifica.
Suas cinzas são o Mestre
Soprando, soprando com as bênçãos,
Espalhado para que trabalhe no mundo,
Como pedido pela planta caminhante.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Caminho de Volta - Retorno ao Eco

  O Som sempre nos guia e sempre em nós se reflete. O aclarar da voz para a harmonia do Som surge depois do propósito da harmonia do Eco. Voltando ao Eco, voltamos a encontrar-nos. Aprendemos o Som quando aprendemos o que é o eco e como o eco pode chegar antes do som. Do Silêncio do Taita chega o eco que tem o Som do seu som.
  Juntos e humildes, pedimos permissão para ser parte do seu Universo, e com Amor somos recebidos, sempre. E sua lição nos ensina, a confiar no Poder, no nosso poder, no Eco da nossa própria voz que nos antecede. A harmonia se atinge quando é perfeita a conjunção entre o canto e o eco.
  Cantando o Eco, ecoamos o Canto. O Senhor voltou.

sábado, 26 de novembro de 2011

O Eco que antes chega

Já sem saber, sabia,
Que sem queria, queria,
E sem falar, cantaria.

Preso de voz,
Canto o propósito em mim.
Escuto o silêncio,
A mensagem que traz,
Que dele nasce.

Aprender a crer,
Crer na harmonia,
Na pureza da palavra no verso.
Continuar a lição,
Confiar na lição,
Confiar no mestre.

A abertura para o seu amor
É o som da antecipação,
É o Eco
Que por ser antes é o Tom,
É o evocar da invocação
Que em nós acorda o Divino.

Que assim seja.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Caminho de Volta - O Cantar de Cura do Colibri

  Enquanto dormimos, viajamos num mundo que não compreendemos, não é o mesmo que vemos quando acordamos, mas também aí se consegue ouvir e sentir o cantar de cura do Colibri. Essa canção nos leva de volta ao familiar ambiente da Cerimónia, das que foram, das que virão, das que não são nem nunca o serão. A mensagem do intento nos é cantada, e a cantamos sem o saber, sem conhecer a sua profunda Verdade. O Mestre nos ensina, a minha Mãe foi quem mandou, mas em Segredo, porque a minha Verdade é somente minha.
  A seguinte é de Vénus, e logo a associamos ao Amor, às relações. Seria esse o próximo propósito? A sábia planta diz que não o será, que o primeiro Amor a nutrirmos é e será sempre por nós mesmos. Amar-nos a nós mesmos é aprender a reconhecer o nosso Mestre interior. É descobrir que o Sol só nasce porque nós nascemos com ele.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Caminho de Volta - Trabalhar a Palavra de Cura

  Oh, maravilhoso caminho, este. A cada cerimónia, tantas certezas quanto surpresas. Nunca sabemos qual a lição que nos traz o Professor ou qual a Medicina que acompanha e invoca o Doutor. A certeza está na Cura e na Palavra que dela brota, na limpeza com Alegria e Satisfação.
  Por vezes esta Limpeza e esta Cura chegam antes da cerimónia e continuam algum tempo após a mesma. A Palavra vai surgindo com a integração e a memória da integração. A seu tempo, no exacto momento em que tem que surgir, vem o novo propósito. Num sonho, numa epifania, num cruzar de olhos com uma memória, a Missão deseja ser ouvida e pede para ser cumprida, em profundo Amor. Quando se sente e se aceita a missão, tudo à nossa volta se modifica, se conjuga para que se possa trabalhar a Palavra de Cura.
  E haverá Cura mais linda que o doce cantar do beija-flor?

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Caminho de Volta - Ser o Ser Celeste

  Chamado o Sol, o vemos chegar pé ante pé, a sua luz nos enchendo, vibrante, brilhante. Cantamos como crianças, como homens e mulheres que procuram ser crianças, aceitar-se e amar-se na sua Divina insignificância.
  Já o Doutor nos tinha dito: "vou-vos ensinar o segredo da Felicidade, para que sempre saibam sorrir". Procurar, Aceitar, Ser. Tão simples as verdades mas tão cheias de Poder. Há um brilho que vem de dentro e um outro que vem de fora e, quando os dois se encontram no infinito, a magia e o extraordinário acontecem. Ambos se reverenciam, ambos são irmãos, mas o brilho do Sol de fora traz a lição e o exemplo para que o Sol de dentro possa crescer forte e saudável como ele. Porque quando a planta se quiser expandir, outros sóis de dentro vão eclodir do seu ovo de cristal e sair pelo coração coberto de verdes lianas do hospedeiro.
  Aí será um novo ciclo, o aluno torna-se o mestre, e a planta ganha novas vozes, novos cantos. A nova Verdade será todo o alimento que necessita o Espírito. E, como nós, o Sol continuará a morrer e nascer, todos os dias.

  É este o Caminho de Volta

sábado, 15 de outubro de 2011

Ser o Sol - Alegria e Satisfação

Ser feliz...
Ser feliz não é sorrir,
Porque sorrir sem propósito não é sorrir.
Ser feliz não é ter alegria,
Porque alegria sem consciência não é alegria.
Ser feliz não é ter paz,
Porque ter paz sem crescer não é ter paz.
Ser feliz não é andar sem rumo.
Viver sem rumo no andar
É desistir de procurar.

Nada na vida se consegue
Sem buscar.
Buscar é estar pronto,
Buscar é receber,
Buscar é ter o velho e o novo
Com a mesma alegria.
A alegria é prazer, é partilha
Alegria é Cura.
Felicidade é Alegria e Satisfação,
É tirar o máximo de cada momento,
Com consciência, propósito e em verdade.
Sem isto não somos mais que os animais,
Que comem nosso vomitado e se vomitam,
Num ciclo sem ego,
Sem descarrego ou lamento,
Um ciclo sem fim.

Em tudo buscar-nos a nós,
Em tudo viver a verdade,
Em tudo viver o sentir.
Não precisas controlar,
O Mundo vive por si,
O Sol brilha sozinho,
Todo o dia, todos os dias,
Com Alegria e Satisfação.

O Sol sabe que é,
E permite-se Ser.
Nosso caminho aí nos levará.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Caminho de Volta - Sagrado Ciclo do novo Ser

 A lição só o é porque o Mestre ensina e nós escutamos. Nunca sós, encaramos os ensinamentos como pequenas crianças, e nem sempre conseguimos concentrar-nos além do medo, além do profundo medo do Vazio, do escuro. A planta docemente nos alimenta de Luz, mas essa própria luz se reflecte tão brilhante que quase nos faz explodir.
 Pelas frestas nos opera o Doutor, e da nova confiança renasce um profundo amor pela Medicina. Tudo em nós pede uma nova toma, para a nova instrução. A nova instrução me pede para sentir, para fechar o círcul de dor, de abandono, não como o Eu, mas como um Eu no Infinito. Do Eco das Trevas nasce um profundo Amor, e as dices memórias selam a plenitude. O Novo Ser se emana, por entre a névoa, do fundo do novo e cuidado Jardim, o Profundo Sol do coração.
 O novo Sol segue o seu maravilhoso novo Caminho, em que a lição se transforma em Verdade, e a Verdade gera o novo ciclo Solar, para nós e nossos filhos. Para sempre nos ligarmos. Para sempre triunfarmos.

sábado, 8 de outubro de 2011

Lição Terceira - Concluir a Obra

Não te escondas.
Porque te escondes de mim?
Não me escondo de ti, Pai,
Só estou atento às tuas palavras.
Então se estás atento
Sabes o que te proponho
Criança-filho?
Sei. Sim. Mas tenho medo,
Não pode ficar para o depois?
Não sei que é isso.
Conheço a proposta do agora,
E é tudo que existe.
Queres tomar Medicina?
Ainda não, Pai.

Escutando os ensinamentos
Percebo que não percebo,
Que o que sei, só sei
Se deixar entrar o Amor.
O Doutor tem de operar,
Mais fundo, pelo Eco.
Confia, criança-homem.

Pai, posso tomar Medicina?
Até sermos Sol, nada te nego
Filho-do-homem.
Porque te escondes de mim,
Não confias no Pai?
Tenho medo de ver o Pai,
De te ver meu pai,
Porque não te conheço.
Que de mim conheces?
Procura por mim no teu coração
Encontra-me nas tuas células,
Quem sou eu?
Fecha o círculo.

Na ilusão por elas criada
Não és mais que um não-Ser,
Odiento, odiável, cobarde,
Que rejeita, abandona, traumatiza.
Penso em te odiar,
Penso no que me fizeste passar,
Penso que tenho de te purgar.
Então vomita-me,
Porque senão serás como eu.
Não consigo! Porque não consigo?
Queres visões de purga?
Dá-me tudo o que tens!
Toma a semente da Podridão!
Toma entranhas revolvidas!
Toma festim de vermes vomitados
E a náusea do bafo da Cadela que os come!
Vá, vomita-me!

Não consigo. Porque te encontrei.
Soluçada memória de criança,
De pleno sorriso, de olho brilhante,
Trilhando, experimentando.
E tu, meu Pai, que olhas para mim com amor,
Lembra-te de mim, nas doces memórias,
Como eu te lembro.
E completarás o ciclo, como eu,
Quando for pai, como tu.

De filho para irmão para criança,
Criança-homem para criança-filho,
Filho-do-homem para criança-pai
Para homem-pai, para pai-do-homem.

Novo ser, razão do Ser,
Novo prazer. Intenção.
Vivo jardim interno
Flor de branco algodão,
Que brilha, em harmonia,
Ao Sol, ao Sol de dentro,
Ao Deus Profundo, no coração.

Não pares, nunca pares,
Porque um dia tudo isto será teu,
E serás Farol, impecável.
O meu trabalho aqui acabou,
Mas viverei sempre
Nas palavras do Pai.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Caminho de Volta - O Infinito que é maior ainda

 O trabalho de cura se baseia não na compreensão dos processos ou na consciencialização das visões e das mensagens. Não no momento. Quando tudo deixa aparentemente de fazer sentido, temos tendência a tentar controlar como estamos, como nos sentimos, o que pensamos. Lembramos uma memória de uma voz que nos diz para nos sentarmos ou deitarmos ou dançarmos. E nos agarramos a essas memórias como se a nossa vida ou a nossa própria sanidade dependesse disso.
 A planta é sábia. A luz guia é sábia. Nada do que diz é em vão, tudo tem o seu misterioso propósito. Desde que cheguei a esta casa que o meu Destino está traçado, e do meu percurso cuidam os Taitas, os ancestrais. Conhecido está o novo desafio: confiar no poder e no saber, na força que é e está no Infinito, e apreciar verdadeiramente a viagem, a caminho do futuro, do meu futuro. E o sorriso que brota de mim é sentido e faz sentido. Ouvindo e sorrindo, me deito. Deitando e descansando, aprendo.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Lição Segunda - Aprender a Confiar

Porque não te deitas?
Para não me perder.
Perder é mau, muito mau.
Porquê?
Porque vou e não tenho centro
Porque me perco e não tenho âncora.
Atenção, postura,
É esse o caminho certo,
É por aí que me guia o farol
Senão naufrago.

Porque não te deitas?
Para não me perder.
E alguma vez te perdeste comigo?
Na vez passada, e na vez passada.
E onde foste, quando te perdeste?
Ao fundo, e mais ao fundo,
Além do fundo.
E que viste, tão no fundo?
A mim. Além de mim.
Vi uma história, uma memória
Vi pinturas, as cores do coração.
Vi Deus, nas minhas facetas.
A beleza das Leis Divinas,
Os contratos com o Tempo.
Vi muita Dor, que passou,
E Demónios de ilusão.
E descobri o Prazer, de Ser,
De Estar, de Existir.
E fui cuidado, e limpo,
E aceitei, e aprendi.

Como vês, em ti opero pelo Eco,
Dou forma e cor ao teu Espelho
E te acompanho, para fora deste mundo de Ilusão.
Sou Infinito, e no Infinito te curo.
Sorri. Isso! É desse Sorriso que eu gosto!
É aqui que nasces, meu filho,
E do teu sorrir nascem as mensagens,
Nascem as minhas mensagens.

Queres tomar Medicina?
Agora não, Pai. Quero ouvir e sorrir.
Então descansa, criança-homem.

sábado, 17 de setembro de 2011

Caminho de Volta - Olhar no Espelho

 Sinto a Onda. Duas verdades convergem em duas verdades, o acreditar no temor e a concentração no centro do ser. Sem razão para fazer o que fazem sem razão, tantos irmãos sucumbem à escuridão, e em si o seu Vazio faz ecoar o som do silêncio que não permitem. Tão cheio de dores que não o são, vagueiam confusos, entram e saem de si e do salão.
 Quem purga sem sorrir não se harmonia, e a sua dor é multiplicada pela dor dos que dela se aproveitam, dos que procuram o alívio e se canalizam para quem purga. Porta aberta da sala com desculpa de alívio, na realidade Portal para descarrego dos ais nos ais dos outros. Em mim o potencial de descarrego me centra em mim, me leva a ver que também eu Sou nos que vagueiam e também eu Carrego a sua dor, como tanta dor minha carreguei até então.
 Nos olhos sinto a lição do mestre interno: todos estamos no mesmo ponto, com o mesmo processo, e todos somos os espelhos e os Párias de cada alma. A Harmonia vem do Desapego, da Aceitação. O nosso lugar é o papel que cada um desempenha em si mesmo.
 Energeticamente estamos ligados, energeticamente vibramos juntos, com o Amor interior e o Amor da planta. No centro da floresta todos somos o Colibri que encanta e sopra a calma. E em todos a centelha da Águia chama a chama da Santa Cura.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Lição Primeira - Aprender a Ver

Tudo me testa,
Tudo é motivo
Para abandonar.
O entrar e sair,
O levantar, o deitar,
Tudo é brusco
Confuso e cheio de dor.
Ninguém aceita a Onda,
Ninguém se permite a ter
O Seu momento, a sua Cura.

Quem purga sem Sorrir
Não retorna em Harmonia
E encarna o Portal
Dos que se recusam.
E vagueiam, vagueiam
Navegando cabisbaixos,
E seus ais lembram os meus,
Suas mortes adiadas
O meu medo de me sentir.

E nesse medo me calo.
E nesse medo me escuto.
E nesse medo me observo,
Observo o medo
E nos seus olhos sinto a lição.

Eu sou Eles.
Eles são Eu.
Meu espelho o deles
Tudo nos testando,
Todos com todos os motivos
Para abandonar.
E todos vagueamos
Vagueamos por Amor.
E todos ondeamos,
Nos curamos em Amor.
Tanto que anda o Mundo,
E de mãos dadas,
Tanto que andamos nós.

E voltou o Sorriso
A Águia pousou.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Caminho de Volta - O Segredo do Doutor

 Quando surge a anaconda, a mesma dos meus sonhos, a mesma de que tanto ouvi falar, apercebo-me do quão especiais somos. É um privilégio assistir ao seu deslizar, ao seu envolver. Sempre alerta, vai nos visitando um a um para anunciar a chegada do Doutor. Olha-nos nos olhos e neste olhar vislumbramos uma centelha do Infinito, as mágicas emanações de um brilhante Sol eclipsado. Quando se esfuma nasce o silêncio.
 Do silêncio, tão importante silêncio, vem o dom da Palavra, a palavra do Pai, do Pai Eterno, e do Doutor que vem curar. Sua canção é de alegria. Seu canto é profundo, e nos fala da memória e dos tesouros, para nós e quem vem de nós. Não é o tempo de chorar. É tempo de limpar o corpo e o coração, com a vibração da Luz do Alto e o bater do tambor.

sábado, 3 de setembro de 2011

Para Todos, e Seus Filhos

No silêncio surges,
Deslizando segura
Sem nada perturbar.
Vieste ver quem veio,
Quem quer saber.

Quando nos tocas,
Nos teus olhos olhamos
E percebemos,
É chegada a hora,
A hora do Doutor.

E hoje sabemos,
A sua lição,
Limpar o corpo
E curar o coração.

Não quero ver ninguém triste hoje.
Sim, Pai.
Hoje é um dia muito especial,
Quando todos estiverem limpos,
Vos ensinarei
O segredo da Felicidade,
Para todos, e seus filhos,
E o filhos de seus filhos,
Que sempre saibam sorrir.

O seu amor é líquido,
E é uma canção
E nos inunda
E nos preenche,
Que nos vibra
Que de nós fala
Que nos faz Ser.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Caminho de Volta - Harmonização com o Novo Sol

 Esperando. Vou esperando com razão mas sem propósito. Ou assim o penso. Será? Com confiança na cura, aceito as medicinas desconhecidas. Estrondo de luz, como um raio, subindo as fossas nasais, em direcção ao céu! Será o Sol? Será o Sol em mim? Sei que é a Medicina que corre pelas minhas veias, chamada pelo relâmpago divino.
 Sei que opera em mim, mas senti-la assim tão... viva? Que sensação avassaladora, que rendição ao seu amor. Não percebo como, mas sinto que ela precisa de mim, como eu preciso dela. E da doçura e entrega se levanta o pano, se inicia o teatro, o meu teatro.
 Na confusão chega o silêncio, e dele surge o seu beijo e as suas palavras de calma, amor e de cura. A sua promessa de doçura renova a minha confiança no processo. Tudo será claro e sem dor. E ao chegar o novo dia chegará a harmonização com uma nova faceta da Madre, o Pai Sol.
 Que recomece a caminhada.

sábado, 20 de agosto de 2011

No Cair da Noite

Chamei, chamei,
E no cair da noite vieste.
E trouxeste todo o teu Amor
Para juntos celebrarmos.
Este é o caminho para ti,
Caminhar em ti,
Caminhar contigo.

Surgiste inesperada,
Mascada, lambida, inalada,
Tão fundo entraste
Antes de entrar.

Já o mereceste,
Hoje é para ti,
A consciência, a memória,
Hoje vais ser.
Doce e meiga,
Concentrada Cura.

Hoje te embalo,
Hoje sussurro.
No dia do Poder
É teu o prazer,
E só te peço um sorriso.
Porque chamei, chamei
E no cair da noite vieste.
E trouxeste o teu amor, criança,
Para juntos acordarmos.


E quem te olhar nos olhos saberá
Que juntos caminhamos,
E que da nossa harmonia
Nascerá o Sol.
Assim serás, criança-homem.

sábado, 30 de julho de 2011

Farol das Almas - Portador da Mensagem

Estou inteiro. Sou Inteiro.
Preparado para sentir,
Guerreiro pacífico, renascido
Do Som, da Dança, da Postura.
Não é meu o sonho que sonho
Apenas sou Farol das Almas,
Portador da Mensagem,
Sou Brilho do Sol, sou Brilho da Lua,
E dou-vos brilho, pequenas estrelas,
Porque todos me acompanham.

E quando Ela fala
Vocês escutam atentamente,
E quando Ela convoca
Se apresentam prontamente.
E quando Ela chora
Todos a abraçam,
E quando ela canta
Todos nós purgamos.

É esse o Seu amor,
É esse o meu amor,
É esse o vosso amor.
Tão grande o Amor
Dos que se desafiam.
É esse o nosso Destino,
Barca naufragada
Sem Medo de naufragar,
Nunca mais.
Minha voz, a vossa voz,
Meu canto, o vosso canto.

Nosso é e sempre será
O prazer de ondular,
A certeza que ao beber,
Quando Ela nos matar,
Acordamos para o viver.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Caminho de Volta - Solidão e o outro lado

 Catarse. Primeira, quinta ou décima toma, perfeito e oportuno é o momento da integração. Exacta a hora em que as exactas palavras são proferidas exactamente para nós. Por vezes duras, palavras de Verdade, palavras de Amor. Invocado poder pessoal, interior, superior. Centrada e acutilante, a voz que rompe o véu do som nos mantém, inteiros, ancorados. Uma voz de amor que não é minha, mas que vibra na minha, que se esgueira pelas brechas nas minhas barreiras e encontra o caminho mais rápido para o meu coração.

Devemos viver na terra
Com toda a satisfação
E se queremos ter a vida
Agradecemos a nossa mãe

 Quando o choro invocamos, devemos sempre levar um presente: o perdão. Quando a solidão nós visitamos, devemos sempre levar um presente: o silêncio. Só no nosso próprio silêncio mais profundo é que escutamos. E aquela voz, que de fora nos assolava, irrompe das profundezas do nosso ser, doce, melodiosa. E, quando vibra no mesmo amor que a voz do Pai que encarnou, nasce a harmonia da Cura.

 Nova mensagem, nova verdade, novo propósito, que só surge porque merecemos. Do outro lado do espelho, do outro lado do som, estão as palavras de poder, está o inteiro, impecável.

 Seremos como Ele, um dia?

quarta-feira, 13 de julho de 2011

In mortal - Integração

Acorda!
São horas.
Já acabou?
São horas de ouvir o Pai,
Vai falar só para ti, por seres especial.
Porque me achas especial?

Acorda!
São horas.
Já começou?
Senta-te junto a mim,
Só nós os dois.
Tenho uma surpresa para ti,
Só para ti, por seres especial.
Porque me achas especial?

Acorda!
São horas.
Já bebi?
Chegou o momento,
O momento de me integrares.
Quem és tu?
Eu, sou Tu,
Não te lembras de mim?
Sou aquele que fala contigo
Quando estás sozinho.
Sou aquele que cuida de ti
Quando te sentes abandonado.
Sou aquele que canta para ti
Quando não consegues dormir.
Sou aquele que te dá a mão
Quando caminhas no escuro.
Chegou o momento,
O momento de me integrares,
Só por seres especial.

Aceito-te e abraço-te
Meu Amor, meu Eu.
Deita fora tudo isso,
Todas essas falsas memórias,
Memórias de estar sozinho, sem amor,
(Vomito)
Pois sempre contigo estive.
Quando te olhares no espelho,
Verás os meus olhos
Por trás dos teus,
E nunca estarás só.

Somos Um.
Somos Muitos
E Todos sorrimos.
Ouve o Pai.

sábado, 9 de julho de 2011

Caminho de Volta - Criança. O Poder do Nada

 Com a Verdade me Limpo. Com a Verdade me Curo. No seu abraço procuro conforto, procuro luz, mas lá nada encontro além de Verdade. Porque só o É, não tenta ser nada mais, mesmo que a tentemos mudar. Não é algo que nos procure, não é algo que nos encontre, é um fardo que não o é, e o carregamos em nós com culpa. Não tem de o ser.
 Tudo na Verdade é puro. Puro como uma criança. Puro como o Nada nas mãos de uma criança. E todos não somos mais que crianças, inocentes, caminhantes, curiosas. Os nossos erros não o são, são o resultado da experimentação, são partes de um Todo que está Certo. São partes tão importantes como as conquistas. São conquistas, tão simples como a aceitação do Nada, um abraço no limiar do Purgatório, cujas lágrimas vibram com a verdade. Neste momento, a verdade é uma palavra: Perdão.
 E a Verdade nos segue e nos precede.
 A Verdade nos cura e nos atormenta.
 Superior a nós, nos mostra algo superior a nós:

 Nós mesmos.

terça-feira, 5 de julho de 2011

In mortal - Inocência

Porque se mantém a Dor?
Eu vi. Porque se mantém a Dor?
Eu purguei. Porque se mantém a Dor?
Lembro-me de ter estado satisfeito
Mas desta vez permanece a agonia.
Sinto que há mais. É por haver mais?
Ajuda-me Mãe, livra-me do Mal.
Desmembra-me, rebenta comigo!
Já me mataste uma vez,
Mata-me de novo!

Eu? Eu nada fiz.
Eu sou só uma Consciência
De uma Consciência,
De outras Consciências.
Como podes esperar algo de mim?
Eu sou só Perdão.
E tu? És Perdão?
Sim, sou perdão.
Então perdoas-me?
O que me fizeste para eu ter de Te perdoar?
Causo-te Dor, não te causo Dor,
Mato-te, não te mato,
Não cumpro, não te odeio,
Nunca correspondo às tuas expectativas.
Eu sei que peço para me carregares, Mãe,
Para me salvares, para me curares.
Abuso de ti, Mãe.
Perdoa-me!

O que Me fizeste para Eu ter de te perdoar?
Tu és só uma criança,
Tudo em ti é descoberta,
Tudo em ti é inocente.
Eu sei que te queres limpar
E sei que pertencemos um ao outro.
E sei que tu és só uma criança,
Como pode uma criança ter culpa?
Tudo em ti é descoberta,
Tudo em ti é natural,
Tudo em ti sou Eu,
E sempre fui Eu
Mesmo que não te lembres.

Isso, chora
Chorar é bom.
Vês como as tuas lágrimas são cristalinas,
Sem vestígios de vermes?
Podes tirar a máscara, filho
(Não sei como)
Debaixo dela és Luz
(Não sei se sou)
E só tens Amor, em todas as formas
(Eu não sei amar)
Claro que tens Medo, és só uma criança
(Tenho tanto medo!)
És único e és especial,
Vieste do Céu, como eu.

Agora dorme,
Já chamo por ti.

domingo, 3 de julho de 2011

Caminho de Volta - Recusar a Consciência é abraçar a Luz?

 Debruçado sobre a pia da pia cura, o meu ser se isola na sua luta interna, querendo a purga, fugindo à purga, forçando a purga. Tentando encontrar a paz, sei que primeiro tenho de me limpar e de aceitar a verdade. Procuro manter uma consciência, uma falsa consciência, que não me permita perder, que não necessite de olhar o Vazio, olhar a profundeza da minha alma e das minhas memórias de Água. Mas cuidar do propósito é conversar com os pequenos tiranos, cuidar do propósito é aceitar o dissolver, o dissolver do confiante e confortável Eu, da lama que nos impede de chegar ao Amor. A recusa é o aval para o Seu trabalho, para a Sua bênção, mas simultâneamente é o grande entrava à sua Obra.
 E perder o combate com a Consciência é perder o medo da expansão, é abraçar a entrada no mundo da ilusão. E que ilusão esta, que nos conhece melhor que nós mesmos! Um labirinto negro, desesperante. Tão fundo como o nosso ser e tão obscuro quanto a nossa imaginação. O abrir e fechar das portas, das almas, o sair e não voltar, tudo nos leva a um êxtase ansioso de solidão.
 Do êxtase nasce a conversa, a conversão. Da conversão nasce a limpeza, o acordar de uma nova consciência. Aquela luz no fundo do túnel, serei Eu?

sábado, 2 de julho de 2011

In mortal - Consciência

Sei que me matarás.
Tenho de morrer e não quero!
Sei que vou morrer e não quero!
Partes-me as pernas e os braços,
Esventras-me, dilaceras-me.
Não quero!
Não quero mais!
Mentirosa!

Porque me enganaste
Com a tua doçura,
Com o teu colo?
Como te posso amar tanto,
Se me odeias a ponto de me matar?
Se me amas como dizes que amas,
Deixa-me ir embora.
Não.
Deixa-me ir embora!
Por favor...
Juro que nunca mais volto...
Como podes jurar-me isso,
Se nem sabes com quem falas?
Observa melhor.

O Vazio goteja
Numa grande bacia,
Numa familiar bacia.
Límpida água que depressa ferve,
Ebulição de água,
De ódio que consome.
Quem possui a máscara
De onde todas as lágrimas escorrem?

Verdes são as tuas lágrimas,
Como as minhas,
Verdes como a água
Que agora é lodo,
Espesso, pustulento.
Pequenos ovos eclodem
E de súbito eles surgem,
Negros vermes flutuando no visco.
Quem os chorou?
De que ódio são filhos?

Uma lancinante dor me assola,
Quando comigo falas.
Isto não é teu.
Se não é meu, de onde vêm as lágrimas?
São tuas?
São tuas, mãe?
Responde-me!

Algumas são minhas,
Algumas sempre aqui estiveram,
E em breve tudo isto será teu.
Agora come e cala-te!
Não percebo. Porquê?
Come e cala-te!
Não quero!
Come e cala-te!
Porque me pedes isto? Porquê, Mãe?

Não te estou a pedir.
Os meus desejos são ordens!
Eu sou tua mãe e tens de fazer o que eu te digo!
E ao comer do meu vómito
És igual a mim.
Eu sou a Cadela e tu tens que me obedecer!
Come e cala-te!
Não!

Olha para mim.
Obedeço.
E, ao tirar a sua máscara,
Os seus vermes escorrem,
Buraco negro de ódio,
Sem amor, sem humanidade,
Que se apressa a comer-se,
A sorver-se, a banquetear-se.
Porque sem o Visco
Não é mais que Nada.

Vomito

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Caminho de Volta - O Igual que não o É

 A Medicina não tem medo. Não teme mostrar-nos que nada sabemos. Tantas vezes criamos falsas expectativas, falsa confiança, que não nos disponibilizamos a por-nos em causa, para podermos aprender. Como é que, na inconsciência, podemos assumir que já sabemos as respostas, se nem humildade temos para prestar atenção às perguntas?
 O seu amor sente-se na purga. Nas minhas memórias, lembro o que foi. Já o passei uma vez, sei reconhecer como trabalha, o que provoca, como o sinto. Tudo é igual mas nada é igual. Sinto o Eco mas não o aceito. Enjoo mas não purgo. Purgo mas não alivia. Alivia mas não sinto prazer.
 Aqui e agora, algo na planta me assusta. Estamos diferentes, não sei como me comportar perante tal verdade. O Caminho do Propósito leva à Verdade que Cura. Tento fugir ao Eterno, mas este tudo vê, tudo sabe. Desta vez não sei se quero estar cá ou se quero que acabe. Mas não quero estar consciente, porque tenho medo de a planta não o ter.

terça-feira, 28 de junho de 2011

O Acordar do Eco

Acorda a memória,
As memórias das células,
As memórias do Ver.
Estremeço,
Com toda a força do meu Ser.
Descompassados espasmos,
Giro, rodopio sobre mim mesmo,
Resisto para me manter
Para me desencontrar.

Sei como és,
Como funcionas.
Em mim operas pelo Eco.
Ânfora selada
Lampejos de Liberdade,
Resolução do Espírito.
Brilhantes, as tuas trevas,
Que sobre mim se abatem.
Ferido, recolho-me,
Esbracejante, procuro gritar,
Procuro respirar,
Não perder a noção
A consciência da inconsciência.

Nada sai.
Nem grito
Nem suspiro
Nem prazer.
Contínua dormência,
Lancinante, latejante.

Arrasto-me de volta,
Ao berço, à lama,
Lama que envolve,
Que endurece, obstrui,
Parede imensa, sem fim.

De novo,
Quem não provou
Venha provar.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Caminho de Volta - Um Novo Propósito

 Já vários mensageiros me tinham entregue a mensagem, a que ditaria o novo Propósito, a que ditaria a nova Cura. Algo que estaria pronto para ser resolvido, para ser tratado, para ser sanado. Essa mensagem continha apenas uma palavra: Mãe. Como curarei algo que tenho um imenso medo de encarar, que não me sinto minimamente apto a enfrentar? Porque é que, neste ponto, não posso escolher a névoa? Tudo em mim sabia a resposta, só não a estava a querer ver.
 "Esta Medicina é um pouco mais forte, um pouco mais concentrada, mas é na mesma muito suave", me disse o Professor, "vai ser um trabalho mais profundo, mais consciente". Escolhido o centro do poder, tomamos Medicina. Logo vem a pergunta: "Qual o propósito?". Tento escapulir-me, focar-me mais na necessidade de não perder por completo a noção do meu corpo.
 A planta sabe como cuidar, como testar. Na sua sabedoria conhece-me, e se transforma para me transformar. No momento, só me pede para estar lá.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Um Novo Céu

De volta à barca
Sensação familiar,
Os cheiros, os sons.
Reconheces-me?
Estou tão diferente
Desde o último encontro,
Quase não me reconheço a mim próprio.

Sei que será diferente.
Já o fora deu lugar ao dentro,
O mar deu lugar ao céu.
Também estás diferente,
Falas estranho,
Sabes estranho,
Estranhamente amarga,
Estranhamente doce.

Envolves-me e revolves-me,
Puxas por mim,
Acordas-me.
Sei ao que vim.
De certeza que sabes?
Então deixa-te ir.
De novo embriagado,
De novo mareado,
De novo assustado.
Estás diferente Mãe.
Estás diferente filho.

Não te vejo nos dejectos,
Vejo-te e sinto-te em mim.
Quem és tu?
Onde está a mãe?
Reconheces-me?
Estou diferente desde que me sentiste.
Tenho obrado em ti
E o teu esforço será recompensado,
Pelo Grande Ser, que tudo vê,
Pelo Eterno, que tudo sabe.

Agora dorme.
Já chamo por ti.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Caminho de Volta - Lembrar de Existir fora d'Ela (II)

Janeiro - Fevereiro de 2011

 Escrevi e escrevi e escrevi. Página atrás de página, toma após toma. Talvez um dia aqui escreva a história da vez primeira, mas "não é esta a hora" - me disse um dia uma voz tão familiar - "tenho uma outra missão para ti. Escreves sim, mas sou eu quem to dito. Aceitas falar o que para ti falo?" - claro que sim, Madre. É uma honra receber tal bênção. - "Assim, quando tomares Medicina, existo em ti, e quando regressares existes em mim. E juntos criaremos".

 E escrevi e escrevi e escrevi, página após página, sem saber onde me levaria. Por vezes surgiam-me pequenas partes e eu sentia a impaciência de querer começar ou acabar uma mensagem. E logo ela me dizia para ter calma e confiar, que tudo iria sair e que no final iria finalmente compreender e integrar os ensinamentos.

 É incrível como ela opera, como nos toca, como nos marca. É incrível como modificou de um dia para o outro a minha estrutura de ADN, como passados mais de 3 meses, me continua a ensinar, a curar. De facto, não custa existir fora d'Ela, porque Ela está sempre comigo, no meu sangue, na minha alma. Em mim e no que me rodeia. E quando nos volta a convocar, é das maiores dádivas que nos é concedida. Porque merecemos.

Março de 2011

 Ela voltou. É hora de tomar Medicina. É hora da 2ª Cerimónia da sagrada planta.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Caminho de Volta - Lembrar de Existir fora d'Ela

Dezembro de 2010

 Acordar de um sonho ou acordar para um outro sonho? O que é real e o que deixou de o ser? Nada me parece bem real porque tudo parece demasiado real, porque há novas cores, cores que não conhecia, que para mim simplesmente não existiam. Nada existia porque havia a névoa. E a névoa, sorrateira, tudo ia cobrindo, ofuscando, limitando. E era normal, até deixar de o ser.

 Alguns dias passaram desde a cerimónia e ainda as visões, as sensações e as mensagens me acompanhavam, às vezes violentas, às vezes doces, mas sempre exactamente aquilo que eu precisava, na altura em que o precisava. E estava ansioso, desejoso pela próxima. Lembro quando acordei na gruta, ainda de noite, me virei para a minha esposa e, com um sorriso rasgado nos lábios e nos olhos, lhe disse: "Comprometo-me, perante ti e perante o Universo. Quero e vou fazer as sete cerimónias deste ciclo".

 Quando conto a minha experiência, tantas vezes ouço "Não sei como consegues contar o que se passou com um sorriso nos lábios! Se fosse eu, nunca mais me apanhavam a tomar Medicina! E tu aí, cheio de força de vida e de alegria, cheio de certezas, e queres voltar". Resolvi escrever a minha experiência.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Caminho de Volta - Aceitar a Disjunção

 Somos levados e decompostos, fragmentados, desconstruídos. Bebemos e voltamos a beber, tomamos Medicina em reverência, por Ela, por Nós. Vamos fora, e longe, e vemos o Infinito. Vamos dentro, e fundo, e vemos o Infinito. Tudo está presente no Infinito, e o Infinito só existe no Presente, no instante.

 No Infinito somos Nós, somos centelha, somos escuridão, escolha, intenção. No Infinito nos olhamos e nos descobrimos. Nos amamos e, por isso, tudo amamos. E é nesse amor que percebemos que a Cura não é um fim, é um despertar, um renascer. Só na Disjunção pode existir o religamento, a percepção do Propósito.

 Nas sábias palavras da planta "Primeiro Limpas, depois Aceitas, depois Aprendes". Primeiro a Cura, depois a Disjunção, depois o Propósito. E é esse Propósito que gera novamente a Cura, e a Disjunção, e um novo Propósito. É essa a nossa proposta como seres que vivem, viver o ciclo até morrermos em vida e renascermos num novo ciclo.

 Eternamente grato pela cura, pela disjunção e pelo propósito. Para sempre parte de mim, para sempre parte de Ti. Obrigado Pacha Mama

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Aceitação - Disjunção

A Exaltação do Ser,
Bacantes abraços
Que não terminam.
Prazer quíntuplo. Fusão.
Empedrenido altar,
Empedrenidos corpos,
Seres Presentes
Sem lugar marcado no Futuro.
Fulgor vítreo,
Memória de Água,
Plenos, entumescidos,
Andrógenos, hermafroditas,
Amando-se, abençoando-se.

A Aceitação do Ser,
Brusco, opaco,
Irreal, sublime.
Bacantes beijos
Que não terminam.
Amor, num corpo de Amor,
Num corpo de Desejo,
Amante, luxurioso,
Sem Ego, encontrado.
Onde termina o Prazer,
É onde começa o Julgamento?

Corpos despidos de crítica,
Vestidos de Eu, de Céu,
O Tudo nada julga,
Tudo Sente, Abraça,
Beija, Penetra.
Onde termina o Silêncio
E onde começa a Paz?

A Aniquilação do Ser,
Dádiva sublime.
Bacante sexo
Que não termina.
Orgia de Corpo, de Consciência,
Penetração da Carne,
Limpa, Linda, Perfeita,
No limiar da Loucura,
No Aqui e no Agora.
Carne suada, húmida,
Desprovida de Vazio,
Reconstruída à Tua imagem,
Onde sou Eu?
Onde começo e onde termino?
Se tu És em mim,
Onde sou Eu?
Se me penetro,
Onde sou Eu?
Se me como e te vomito,
Onde sou Eu?

Sou o Cosmos e Existo em Mim,
Sou o pó de estrelas, sou átomo e Vontade,
Sou Mar, sou Pedra, sou Fogo,
Sou Tambor, sou Canto, sou Videira,
Sou Barca, sou Tela, sou Espelho,
Sou Taça, sou Semente, sou Raíz,
Sou Caminho, sou Purga, sou Mudança,
Sou Demónio, sou Prazer, sou Bênção,
Sou Céu, sou Templo, sou Casa,
Dou Amor, Vivo Amor, Sou Amor.

Eu aceito, Mãe.
Metade de Mim és Tu,
A outra metade também.

E agora, Mãe?
Agora podes aprender.
Para onde me levas?
É surpresa.
Que bom, adoro surpresas!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Caminho de Volta - A Onda que Vem e nos Leva

 Família. A cada cerimónia se forma uma nova família, uma tribo. A planta é Mãe, Pai, Avós e Ancestrais. Todos os que tomamos Medicina somos seus filhos, seus protegidos, seus semelhantes, seus irmãos. Somos irmãos uns dos outros e juntos sentimos a Onda, que nos leva e nos traz. E todos a partilhamos, quando ela nos escolhe. E todos fazemos parte de uma corrente, uma corrente de almas chamadas pela Medicina para ter a dádiva da limpeza, da cura, da aprendizagem.

 E vem a Onda. Mareados, todos somos levados para o Vazio e todos somos trazidos de volta a um novo Eu. Nesta barca, todos somos o nosso porto seguro e todos somos a âncora da família. Todos somos Medicina. E vem novamente a Onda, e todos somos de novo tentados, a ir mais fundo, a limpar mais, por si. Tanto se ama, quem o faz. Tanto mais ama quem o faz por si e pelos outros, escolhido para encarnar o portal de Cura, por onde todos os males se vão. É isso o Amar, o seu Amar. É isso que nos devolve a Vida.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Aceitação - Conjunção

Convosco deitado, no colo nodoso
Das imponentes raízes entrelaçadas
Do grande Tronco, da Grande Árvore,
Que antes foi Altar e antes disso Deusa,
Loucura e antes disso Música,
Fogueira e antes disso um Sorriso,
Que foi Toro e Suor
E antes de tudo foi Intento.

Prostrados, sem forma definida
Aguardando algo que nos puxe
Do espaço sem espaço,
Da dimensão onde não se existe,
De volta ao Aqui e Agora
Ao presente senciente da sensibilidade.

Um vulto se move, se levanta,
Uma capa ondula,
Uma Pele é recheada com um Ser,
Um cantante Vento de Mudança,
Um de Nós que é um Deles.
A sua Dádiva é Fogo, é um Fole,
Que nos enche de um néctar
Que são tecidos, ossos e fluidos,
Que nos devolve o Ser e o não-Ser.
A sua Dádiva é Água, é uma Cascata,
Que se abate sobre o nosso recém-nascido Eu,
E nos lembra o que é Nosso e o que não é,
Que nos desconstrói e reorganiza,
Abrindo caminho à tão desejada Purga.

Todos nós cantamos
Sorrimos, vomitamos e sorrimos.
Expulsamos os Demónios verdes,
Brincamos e cantamos com eles.
Nunca nossos foram mas sempre connosco estiveram,
Agora são puré e polvo e bofes,
E alegremente voltamos a come-los
E alegremente voltamos a vomita-los.

E o Cantante ama-nos,
O Cantante abençoa-nos, cuida de nós.
E um de nós recebe o presente maior,
E um de nós vai ao fundo,
Ao fundo de Todos, ao fundo por Todos.

Largando a sua máscara,
Alienando a identidade,
O Eu que é Eu são Muitos.
E o Todos ajoelha-se,
E o Todos sente o ímpeto,
As dolorosas súplicas de descarga,
E o Todos grita,
E a sua cara se desfaz.
Uma poça de carne se forma,
Uma poça que para ele olha,
Velha carne contemplando os ossos,
Pedindo mais e mais polpa.

Agarrado às entranhas
O Todos geme
E todos gememos com ele,
O Todos grita,
E todos cantamos,
Todos amamos Todos
E o Todos desiste da luta.
A sua ossada se quebra
E da sua boca aberta
Caem Demónios,
Jorram golfadas de cor,
Paleta indistinguível
Salpicada de negro,
Insectos se espremendo,
Serpenteando, rebentando.

Saiam, que não sou Eu!
Saiam, que não são Nós!
Todos somos Tudo e Tu és Tudo em Nós.
Da minha insignificância te saúdo, Mundo,
Pois Somos Livres.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Caminho de Volta - 6º Estágio do Ego: A Loucura

 Sanidade. Loucura. Por instantes, nenhuma destas palavras faz sentido. Por instantes, nenhuma palavra faz sentido. Sentido... Fazer sentido... O Fazer do Sentir, o Fazer a Sentir e o Fazer pelo Sentir. E, por instantes, o fazer do sentir é tudo o que existe. Nada mais importa. Nada importa. É o Sentir e não Pensar, o Sentir com todos os sentidos, com todo o Ser.

 Por instantes, o Ser não é mais que o Sentir, apenas o Sentir define o Ser. E nada mais importa. Nada importa. Estar cá, estar realmente no aqui e no agora, é esse o nosso momento de Loucura e de Libertação. E de Paz.

 Na Loucura tudo são Momentos. E em cada momento tudo é Novo. Tudo é Lindo e Horrível, tudo é Desconhecido e Maravilhoso. Na Insanidade todos somos Iguais, todos estamos nus. Todos nos descobrimos, nos tocamos, nos vemos, nos ouvimos, cheiramos e provamos. Todos somos perfeitos espelhos de Deus.

 No Aqui e no Agora, todos somos Loucos. Todos somos Livres. Todos somos Perfeitos.

 Todos somos Medicina.

A Sanidade da Loucura

O que é isto?
É um olho
É um braço
É um espelho
Porquê?

É pele
É sangue
É casca
É uma árvore
Porquê?

É ventre
É um salto
É dor
É um beijo
É um grito
É um abraço
É quente
É uma lágrima
Porquê?

É igual
É indiferente
É puro
É um verbo
Porquê?
É um nome
Porquê?
É uma ideia
Porquê?
É um ideal
Porquê?
É uma pergunta
É um conceito
É um caminho
É um fim
É percepção.

É Sanidade da Loucura

sábado, 14 de maio de 2011

Caminho de Volta - Caminho da Verdade

 É fácil nos perdermos nas ilusões, nas visões, na desesperada tentativa do nosso Ego de lhes dar forma, de as inserir num contexto perceptível, intelectualizável. Um Ego que tem muito medo de se perder no escuro, no desconhecido. Tanto medo tem que prefere viver a mentira que morrer para a Verdade. Curioso porque, na realidade, nem o Ego vive nem aprende a verdade. E que Verdade há sem ser a do Amor?

 Tudo na Natureza é Amor, na sua forma mais pura. E tudo numa criança é puro, é uma brilhante percepção de um maravilhoso mundo. Quando deixei de olhar as flores com Amor, enquanto crescia? Como me desliguei de andar descalço, de andar nu, de sentir? Como parei de olhar nos olhos do Sol e sorrir, por seu brilho ser tão forte?

 E a Medicina nos devolve o sorrir.
 E a Medicina nos mostra que o Caminho de Volta é ver.
 E a Medicina nos relembra que tudo é belo e natural, que o Universo é imenso e extraordinário, e que todos nós somos Divinos.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Concepção

Cadela,
Grande Mãe Parideira
É teu o aborto que esperneia.
Estrebuchante, azul vibrante
Bolbo cego, alma nua.
Tu ama-lo?
Está morto, mas vive na sua não-Vida,
E seus sonhos, os que Tu rejeitaste,
São tudo que lhe resta.
Sozinho, fraco, imutável,
Tu amas-me?

Lembro e reconheço meus irmãos,
Ainda ovos a chocar no teu ventre,
Ainda quente, ainda são.
Gigantes pulsantes,
Descrentes, caminhantes.
Teus urros de Prazer são Dor
Espremendo-os para fora de Ti,
Para uma cama vomitada de Amor,
Para as Estrelas,
Para a Tela desmemoriada
Sós, desconfortáveis, lindos.
Um manto de Universo os envolve,
Tecido constelar, primal
Há gerações passado,
ADN espiralado
Envolto e revolto no Tempo.

Grande Mãe Parideira,
Obscena e abundante
Sol cheio de Lua,
Estás só, como eu?
Estás só, como eu.
Não amarga, não carente,
Não cansada, não doente,
És Luz, resplandescente.
És Céu, és Templo, és Casa.
Dás Amor, vives Amor, és Amor.

És Eu e somos Água
És Eu e somos Pele
És Eu e somos Lume
És Eu e somos muitos
És Eu e somos Um
És Eu e somos Eu.

Mãe, posso nascer?

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Caminho de Volta - Desintoxicação

  Poucos de nós têm a exacta percepção de quão intoxicados estamos. Todos temos toda uma vida por trás de nós, uma vida de sugestões, ordens, prisões, barreiras, condicionamentos. Toda uma vida de falsas doenças, de falsas memórias, de falsos momentos, que levam a uma falsa percepção da nossa própria Personalidade. Tanto do que sabemos não é verdade, não é a nossa Verdade, mas sim algo que nos foi contado, ou nos foi explicado como devíamos sentir ou lembrar. E tanto do que é realmente nosso se perdeu no Caminho.

  E as visões da Medicina Amazónica nos trazem tudo isso: cenas que não são nossas com memórias há muito esquecidas, e um mareamento que não é mais que um processo do Ego, um processo de choque com o "nosso" lado que não é nosso, e uma enorme resistência em deixar ir, em aceitar a morte em vida.

  Muito grato pelas bênçãos da Medicina.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Nova Pele, Vera Pele

Mãe, para onde me levas?
Para onde precisas que te leve?
Não sei, Mãe.
Sabes que te posso mostrar Tudo?
Sim, Mãe.
Sabes que não te negarei a Verdade.
Sim, Mãe.
Onde queres que te leve?
Que queres que te mostre?
Quero aprender,
Leva-me ao fundo,
Mostra-me a Verdade.
Primeiro Limpas
Depois Aceitas
Depois Aprendes.

Que bela música, o que é?
Estás Feliz!
Então porque tenho Medo?
Porque não sabes ser.
Então quem sou Eu?
Sim, quem és Tu?
Não sei, Mãe.
Tu és um reflexo de Ti mesmo,
E um Espelho do Mundo.
Mas se eu sou Eu, quem Sou?
Primeiro Limpas
Depois Aceitas
Depois És.

A Taça traz Vida, Mãe?
A Taça devolve-te a Vida.
Não me quero deitar fora,
Não vou soltar o que é Meu!
Porquê?
Porque sem mim não sou Eu,
Sem me ter, não sei quem sou.
Tu és um reflexo de Ti mesmo
(Liberta-te)
Tu és um Espelho do Mundo
(Deita tudo cá para fora)
És o Infinito a vomitar o Nada
(Vomita-te)
Tens em ti a Semente da tua própria Podridão
(Vomita-a)
Luta por ti, recebe este Amor
(Cura, cura, santa cura).

Som, que de tão forte, tudo o resto cala
(Cura, limpa, sana, vomita)
Entranhas revolvidas em visões de entranhas revolvidas
(Cura, limpa, sana, vomita)
Confusão, queres enganar-me Confusão?
(Cura, cura, cura, cura)
Porque me abraças e me desfazes?
(Limpa, limpa, limpa, limpa)
Ama-me e odeia-me, monstro no Espelho
(Sana, sana, sana, sana)
Não me abandones, Mãe!
(Eu amo-te. Vomita)

Oh, incontrolável refluxo
Doce sabor, prazer infantil.
Golfada de pó e de lama,
Escombros de toda uma existência.
Purga natural e sagrada do não-Eu
O adeus às armas,
O adeus ao corpo,
O adeus ao Ego.

E agora, Mãe?
Metade de ti está limpa,
A outra metade sou eu.
É hora de Aceitar.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Entre as Estrelas e o Mar sem Fim

Toca timoneiro
Toca cancioneiro
Toca curandeiro.
Toca o teu tambor e a tua taça
Toca com a força da Onda que passa,
Que bate na pedra, que leva, que racha,
Que cura, que ilumina,
Regenera e ensina.

Toca timoneiro
Toca cancioneiro
Toca curandeiro.
Silêncio interior que cresce em nós,
O poder de pensarmos a uma só voz,
A força do Medo, pensamento atroz,
O Equilíbrio do deixar ir,
Aceitar a barca e subir, subir.

Toca timoneiro
Toca cancioneiro
Toca curandeiro.
Navegando, navegando,
Entre as estrelas e o mar sem fim,
E voo, e saio de dentro de mim,
E uma voz sussurrante
"Confia, diz que sim,
Prometo-te o Infinito,
Só tens de encontrar o Pensamento Bonito".

Toca timoneiro
Toca cancioneiro
Toca curandeiro.
A viagem começou.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Caminho de Volta - Jornada da Alma

  Todos percorremos um Caminho. Um maravilhoso caminho com infinitas perguntas, infinitas escolhas, infinitos rumos. Um maravilhoso caminho de bênçãos, desafios e conquistas. Um maravilhoso caminho por um maravilhoso Universo.

  E que ser maravilhoso este, o ser humano a quem, ao nascer, lhe é dado o poder para ser a ponte entre o Céu e a Terra, e que contém dentro de si a Luz Divina e as traiçoeiras Trevas. E é através desta capacidade tão especial e tão única que desde sempre o Homem tem, de braços abertos, recebido os ensinamentos do Universo, e tem procurado e aprendido e crescido e evoluído. A mensagem é sempre simples e repleta de Amor, mas nem sempre o Homem está preparado para a escutar atentamente, para a compreender. E com o passar do tempo o ser humano se fechou em si mesmo, isolando-se da Natureza, dos ensinamentos, do Divino.

  Com a mesma força com que fugimos da Tribo, da Floresta, dos Ensinamentos, sentimos a necessidade de regressar, de reencontrar o nosso lugar na Harmonia do Universo. E o Caminho de Volta leva-nos àqueles que se conservaram puros, aos que continuaram a viver os ensinamentos de Amor. E o Caminho de Volta levou-nos à sabedoria milenar da Medicina Amazónica. E o Caminho de Volta nos trouxe de regresso à Mãe, aos Ancestrais, à Santa Cura. E o Caminho de Volta é caminhar, no aqui e no agora.

  Muito grato por estar vivo e por poder aprender de novo!